quinta-feira, 23 de abril de 2009

Clima Quente em Brasília


Cada caso, uma sentença

É engraçado como cada caso traz uma sentença. O caminho distinto que você tomou para chegar em casa e foi assaltado naquela esquina desconhecida, o babaloo tuti-fruti que você pediu na falta do sabor melancia e a gastrite que lhe atacou meia hora depois, o rabo de saia que você olhou despercebido e o tapa na cara da patroa que de desatenta não tem nada. A vida é assim, a cada porta escolhida mil se fecham e outras mil e uma se abrem e você acaba sendo o principal causador da desgraça toda. Mas existem, claro, bons exemplos, como o assento no avião que você trocou de última hora e foi contemplado com um parceiro de fileira cheio da nota a procura de um cara de tacho como você ou a gostosa que usa uma saia oito dedos acima do joelho. Como disse, cada caso uma sentença.

Pois que mesmo que na vagareza barricheliana a Justiça brasileira começa a ser feita e, em tempos de crise, as remelas começam a sair dos olhos e os cílios já nao cintilam como antigamente na cara dos parlamentares. Acabou a gracinha de empregada ir lavar roupa no fim de semana em Brasília, sogra ter férias prolongadas no Chile e amante dar uma rapidinha num feriado de 1o de maio. O circo perdeu sua platéia e agora os palhaços não sabem como fazer seus espetáculos. Observamos o fim de uma era que já vinha acontecendo há tempos e nós, meros cidadãos, nem sabíamos em que nível se encontrava. Mas a democracia, mesmo que sob pelos lulísticos, mostra tambem que não dá para viver somente de caviar enquanto os novos tempos pedem pão com ovo... se bem que, ainda assim, para eles dá pra colocar um bife de alcatara nesse francesinho 50g.

A tendência, contudo, é que certos gastos façam os políticos refletir o quanto eles reclamam de barriga cheia. Uns reclamam, quebram o pau e até ministro não se contém. Sobrou nervosismo para tudo que é canto e eu, em meu quartinho mal arrumado, medito o dobro pra ver se um pouco de energia positiva paira sob o céu tupiniquim rumo à Esplanada. Estou criando uma corrente bem a la Bob Marley, positive vibration forever, sem escalas ou conexões, apenas com plano de vôo determinado e decolagem sem atrasos. Para manter o estômago quente, duas barrinhas de cereais porque bobo que é esperto pelo menos pede repeteco em destinos domésticos pra amenizar a mesquinharia das companhias aéreas. Numa dessas idas e vindas da comissária, quem sabe nao rola um olhar 43 eu realizo meu fetiche de farra boa num banheiro de avião?

Eu queria deixar claro que atualmente, a capital da qualidade de vida tem se tornado a capital da qualidade de greve. SUS fora da área, enfermeiros protestando, médicos também, onibus já parou, falta água encanada até para o banho e nem o mar tem trazido as mesmas ondas. Em tempos de crise mundial, a maré realmente nao é das melhores pra surfistas de plantão. Mas a gente, como sempre, dá um jeito à base do caneco e água da chuva, afinal, com perfume francês a 150 reais apertar o desodorante por tempo indeterminado é muita extravagância.

Mesmo assim, a gente vai levando... com diploma ou sem diploma, afinal de contas, aquele curso de costureira me serviu pelo menos para aprender a costurar idéias e fazer um textículo "a nivel de". A Forno de Minas acabou e com ela, o sonho da Uai Xente crescer aumenta, afinal, pão de queijo é tao gostoso quanto virilha de perna feminina e eu, bom mineiro que sou, divulgo a marca mesmo que a 128kbps e depois da meia-noite. O que não dá é pra ficar parado, pois, no moto contínuo da vida todo mundo quer fazer seu vai-e-vem.

Barrigada nas costas das marmanjas, porque aos marmanjos so desejo um breve acenar de mãos.

Rodrigo Coimbra

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